Que o amigo seja para vós a festa da terra

06 março 2007

Sanghyang

Cerimónia de dança e canto ritual do Bali, cuja religião deriva de uma mistura do Hinduismo com o Budismo e ritos locais, que durante os anos vinte do século passado, numa colaboração entre o indígena Wayan Limbak e o pintor alemão Walter Spies, se transformou na famosa dança de transe ritual kecak. O sanghyang era praticado como forma de exorcismo dos maus espíritos de uma dada aldeia e tinha uma configuração coral semelhante à que agora se exibe ao mundo, embora bastante mais exótica. Enquanto que o sanghyang era um ritual de dança e coro profundamente religioso, de grande impacto na cultura local, o kecak, sem lhe tirar o valor plástico que tem, é um ritual criado para os visitantes da ilha e tem muito pouco ou nenhum impacto para os indígenas que não seja o turismo fomentado. O kecak foi trabalhado de forma a fazer pleno sentido para as outras culturas sendo que lhe foi introduzida uma narrativa que o sanghyang não tinha. E assim se perdeu mais uma das riquezas culturais religiosas do mundo em prol de uma arte global.


Ron Fricke, Baraka, 1992.

O kecak tem as suas raízes no sanghyang e no Ramayana Hindu. A figura central representa Rama, uma incarnação de Vishnu (deus que mantém o universo), personagem principal do Ramayana que tem o objectivo de salvar a sua mulher Sinta das garras do malvado Rei Rahwana. Os restantes dançarinos cantantes representam o exército de macacos que se junta a Rama para o ajudar a salvar Sinta (...).

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