Que o amigo seja para vós a festa da terra

20 março 2010

Totum



















Lisboa 2010
(Panorâmica lowfi com telemóvel de gama baixa)

Exposição de Ricardo Pacheco
18 de Abril da 20 de Maio
Galeria Prova de Artista


TOTUM
desenhos de Ricardo Pacheco

Ricardo Pacheco nasceu em 1974 e fez o seu percurso académico na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Vive e trabalha em Lisboa, mas o seu trabalho não têm um lugar fixo nem surge de onde se possa indicar — pertence exclusivamente à pintura. Pintura do interior. Não do interior gasto e comum das novas tendências mas um interior completamente perene e genuíno.

O seu trabalho é honesto, inteiro e sincero. É de um desenhador hábil que desde muito cedo deixa cair o traço que empresta à sua imaginação, e nos mostra os outros que também somos. Sempre teve uma grande facilidade para a representação visual do mundo que o rodeia, mas é a imaginação profunda que começa cada vez mais a ter lugar nas suas obras: uma relação pura e desprotegida, perigosa e arriscada, com essa coisa que é o mundo do imaginar, da imagem que não tem forma, corpo ou matéria. E mergulha nela com a mesma intensidade como na água que o sacia. Mas a sua obra nada tem de abstracta, embora isso possa não ser claro à partida. É uma representação constante do outro que está fora e dentro dele mesmo, um mundo figurativo que existe mas que nem sempre temos a possibilidade de contemplar.

Na relação com o outro, e com o nosso próprio identificável, o que mais nos toca é o rosto. O rosto do amigo, o rosto da mãe, se ainda o temos connosco… o rosto da nossa casa, do nosso corpo, da terra que nos diz. O rosto ancestral do mundo, da ressonância histórica que dá forma e lança. Aquela fisionomia inefável do Tu e Eu. A relação pessoal que temos com certos lugares. A nossa natureza: quer ela seja urbana, rural, política ou tão simplesmente natural. A nossa própria natureza enquanto paisagem de um mundo que dificilmente chegamos a conhecer. Que forma têm as coisas? O que é o formal? Ricardo não procura o rosto meramente dito, ou tão facilmente reconhecível como face, mas um que lhe diga quem é e onde está com mais lealdade. É o rosto que está no espelho que fica por detrás dos olhos. Na verdade, o rosto é uma máscara que nos trava a atenção ao reconhecível, mas estamos tão habituados a fazer um reconhecimento simples e directo das fisionomias mais íntimas, por associação às faciais da superfície, que por ínfimos instantes de segundo julgamos compreender, e não nos é dada a oportunidade de saber isso em consciência. Aquilo que nos é mais familiar é o que de mais estranho nos é dado acesso.

De frente a uma tela branca temos tendência para procurar. «O que é que eu vejo, onde está o rosto?» E essa força que nos leva à procura é o que impede o encontro. Tão simples como encontrar exactamente o que procurávamos, e perder o que não sabíamos que lá estava. Será que sabemos quem somos? Pode argumentar-se que somos quem achamos que somos, e fique-se por aí para não complicar mais o que já é por demais complicado. Mas isso será o que achamos que somos, não aquilo que somos, e o que achamos nessa procura não é o que deixamos perdido quando a procura comanda o encontro...

O encontro é a metodologia deste artista que não procura, num processo criativo que se deixa encontrar a si e por si. O encontro de si mesmo vezes e vezes sem conta, coado pelas múltiplas relações com o mundo e com as pessoas. É na sua incansável abertura à vida e ao que nela advém, nos ritmos do corpo, nos passos dos animais e nos voos auspiciosos das aves, nas árvores e os seus ramos, nas trocas felizes ou difíceis, na fertilidade da constante partilha com quem gosta de cultivar. Nas tão longas conversas que tem com os seus amigos.

Estas pinturas e, sobretudo, estes desenhos do Ricardo Pacheco, dão-nos os percursos de toda esta topografia interna, dão-nos o que está lá dentro e a maturidade sacra do encontro. A consistência da obra do artista, obriga-nos a olhar toda ela para poder observar uma pequena série como esta. E o mesmo acontece no sentido inverso, tal é a sua unidade. Os desenhos que agora nos oferece e dão nome à sua presença nesta mostra, o título deste texto, podem tomar-se como um marco alcançado da sua própria representação.

Sara Constança
Lisboa, 12 de Março de 2010

10 março 2010

Is The Catholic Church A Force For Good In The World? Ou será que deviamos falar do Tempo?

Stephen Fry on The Intelligence2 Debate 2009

A pergunta que compete fazer-se a estes brilhantes comunicadores, como é o caso de Stephen Fry, que me deixou agarrada ao ecrã sem deixar passar uma única sílaba do seu elequente e muitíssimo bem articulado discurso, não é se a Igreja Católica é ou não uma força para o bem no mundo.


Como sistema político que é (e que tem um estado próprio tal como indica Fry tão acertadamente), passa pelos seus altos e baixos, por vezes faz melhor, por vezes pior, mas uma coisa é certa e sabida. A Igreja Católica NÂO é uma força para o bem no mundo, e não é pode ter ouvido um discurso tão convincente como este que uma pessoa esclarecida chega a esta cnclusão. Haverá seguramente muitos indivíduos patrocinados por esta igreja que o são, como foi o caso gritante da Madre Teresa, mas a instituição, porque sim, trata-se de uma instituição, ou melhor, para não adoçar o pão ázimo, uma corporação com tudo o que isso tem de mau. A resposta seria:

The Catholic Church is a force for their own good and the world not only comes in second place as it has no place at all if it does not benefit the church.

Mas, retornando ao que me levou a iniciar esta posta, a pergunta que faço a qualquer proponente do ateísmo, que sem dúvida não pretende manipular o mundo como a Igreja Católica ainda faz em seu proveito, é se a solução que apresentam traz alguma proximidade com o que é a experiência do humano. O ateu, só por ser ateu, fundamentalista ou não, está em negação automatica de um deus, ou Deus, seja como for, deuses, etc, em prol de como bem disse Fry, mais uma vez, aquilo em que acredita é a Iluminação, não a Ilimination mas o Enlightment. E o Enlightment que porpõe, ou o exemplo que dá, incontornável, é o da ciência. Ora, e o que é isto de ciência, perguntamos nós? Foi Galileu que deu os primeiro passos, mesmo retirando as suas palavras depois da tortura, receando o destino que a Igreja Católica ofereceu a Copérnico. A ciência é, como disse platão (episteme), uma crença verdadeira justificada. É verdade, é uma crença, mas é uma crençe que tomamos como verdadeira porque está justificada. Isto é certíssimo, tão certo quanto nada do que se escreve na Bíblia pode ter ou terá alguma vez (excepto no advento da viagem temporal) justificação, ou verificação, possível. Mas, e o ateísmo? Tem o ateísmo algum grau científico ele mesmo? Terá a ciência, em último caso, o grau científico a que se arroga? Como se pode advogar meramente o termo "ateu"? Sabemos que deuses, deus, ou Deus, não existe(m)? Podemos justiviar, verificar e provar a sua inexistência? A resposta é simples, tanto para uns quando para os outros. NÃO!! Simplesmente não é possível saber.


Um ateísta, ou um católico, muçulmano, etc, etc, etc, diriam que isso é o argumento do agnóstico, e que para o agnóstico nada é possível saber. Mas uma coisa é certa, ao contrário que dizia Descartes, tenho a certeza de uma coisa e só dessa coisa mesma, estou aqui a escrever emocionadamente sobre o que acabei de ouvir pela palavras de um dos melhores oradores que já ouvi falar no assunto.


Não, não sou agnóstica. Não, não sei se deuses, deus ou Deus existe(m), nem ponho isso em questão, mas uma coisa sei de facto, e, chamem-lhe o que quiserem, há uma coisa que existe acima de tudo, sobre tudo, sob tudo e por tudo, e essa é coisa é a mais simples e complexa de todas, e não vale a pena chamar-lhe mais nomes que o simples nome que ela tem. Se há alguma coisa que existe é o Tempo. E se há quem diga que o tempo é deuses, deus ou Deus, então qual é ou onde está o católico, muçulmano, etc, etc, etc, qual é o ateu que me vai dizer algo em contra? Talvez me diga que não, que não é um deus ou Deus, mas isso é tão vazio como dizerem-me que o Tempo é a ponte que ele, ou eles, ou Ele fez/fizeram para nos dar lugar. Em suma... non sense. O Tempo, na sua própria inacessibilidade a meros humanos como nós, no máximo, é ele mesmo, e não houve ninguém como o Santo Agostinho para nos mostrar quanto impossível é saber do que se trata.


Contudo, para resumir, o Tempo, esse sim, à sua própria maneira, e a tentar combater todo o disparate e asneira (tremenda hubris) que fazemos, é quem faz algo de bom pelo mundo.

P.S. Digo Tempo mas podia dizer Existência, mas como não quero correr o risco de soar a existencialista, que deveras não sou, perfiro chamar-lhe Tempo, é o Ser do Tempo. Tão "simples" quanto isso.

01 março 2010

Several less cars















 It's the ConferenceBike!


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