Iacobeia cantar
Da musa venha discurso
Fluido d'oralidade,
Correndo a literatura
A ser em pleno.
D'ondas faça recurso
Emboida vitalidade,
Metendo a mesura
Na boca de Sileno.
As memórias das letras
São falsas memórias,
Nem lapis, nem canetas,
Sabem contar histórias.
Do som vem o sentido
Sentindo bem Brómio,
Nem visto, nem escondido,
Anjo mente demónio.
Devenha o seu uso
Em viva liberdade,
Lóxias na lonjura
Da Pítia p'lo treno.
Desfaça-se o abuso
E venha a verdade,
Ó Febo da iluminura
Sai já do terreno.
Ó distante cruel
As setas são d'amar,
Fica no teu papel
E deixa dançar.
Que do fiel cão
Astuto caçador seu,
Quem dança bem são
É o sábio Zagreu.
E as portas devagar
Já se abrem pró céu,
Começando a largar
Por cima do véu.
E tu musa, canta
O Zagreu disperto,
Se o Apolo espanta
O caminho é certo.
Publicado a 23 de Março de 2007 no Odeio o Mundo Agora!
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