Que o amigo seja para vós a festa da terra

09 outubro 2009

Internet


S.G.Collins, The Internet Revealed, 2008.

Vencedor do concurso Euro-IX Film Competition.

07 outubro 2009

Make peace


Meco 2009
Pat Metheny & Brad Meldhau, Make Peace.

06 outubro 2009

La liberté?



















La liberté guidant le peuple
Eugène Delacroix, 1830.
Óleo sobre tela, 260 x 325 cm.
Musée du Louvre, Paris.



Ou será antes o caso duma liberdade de extensão do USA PATRIOT Act (Uniting and Strengthening America by Providing Appropriate Tools Required to Intercept and Obstruct Terrorism Act) sob a forma de UE FP7 INDECT Project (Intelligent information system supporting observation, searching and detection for security of citizens in urban environment)? Será que a tendência chegou mesmo à Europa, de vez e para ficar? Será que o nosso 'antigo regime' se renova, agora, por todo o mundo europeu, com a desculpa esfarrapada do terrorismo ou prevenção de conflito (Minority Report)? Acabaram-se de vez as nossas liberdades individuais e já não temos direito à privacidade? Alguma vez tivemos...? Mas agora parece que não temos mesmo...

Fala-se de comportamentos anormais e nós perguntamos... o que é um comportamento anormal?

Esta posta não traz nada de novo pois o assunto está apresentado numa notícia do Público de hoje e a sua polémica foi devidamente notada. Mas, como o texto vai ser arquivado e deixará de estar disponível, o Skápsis resolveu fixar o assunto.



Críticos dizem tratar-se de uma medida "orwelliana"
Internet: projecto europeu vai tentar detectar condutas "anormais"

Um programa de cinco anos financiado pela União Europeia chamado Projecto Indect tem como objectivo desenvolver programas de computador que actuem como agentes de polícia, monitorizando e processando informações de sites, fóruns de discussão, servidores, redes sociais e mesmo computadores individuais. O objectivo é detectar condutas “anormais” ou indícios de violência. Os detractores do projecto já vieram dizer que se trata de uma medida “orwelliana” e um “passo sinistro”.

Foram atribuídos ao projecto 10 milhões de libras (10,9 milhões de euros) e a sua coordenação está a cargo da Universidade AGH de Ciência e Tecnologia, na Polónia. A par com este país, estão igualmente envolvidos a Alemanha, França, Espanha, Reino Unido, Bulgária, República Checa, Eslováquia e Áustria, bem como o serviço policial da Irlanda do Norte, de acordo com o “Telegraph”.

Segundo a página oficial do Projecto Indect, que começou este ano, os grandes objectivos desta acção incluem “o desenvolvimento de uma plataforma de registo e troca de dados operacionais, a aquisição de conteúdo multimédia, o processamento inteligente de todas as informações, a detecção automática de ameaças e o reconhecimento de comportamentos anormais ou violência”.

A página fala ainda da criação de “agentes com a missão de monitorizar continuadamente e automaticamente recursos públicos como sites de Internet, fóruns de discussão, redes sociais, servidores, redes P2P (peer-to-peer), bem como sistemas informáticos individuais, construindo um sistema inteligente, simultaneamente activo e passivo, de recolha de dados com base na Internet”.

Este projecto Indect acontece numa altura em que a União Europeia está a expandir o seu papel de combate ao crime e ao terrorismo, controlando apertadamente os fluxos de migração para dentro das fronteiras europeias. Nos últimos tempos, o orçamento europeu destinado a estas áreas cresceu 13,5 por cento, fixando-se actualmente nos 900 milhões de libras (981 milhões de euros), indica o “Telegraph”.

A Comissão Europeia tem vindo a pedir uma “cultura comum” de reforço das leis de segurança em toda a União Europeia, querendo que cerca de um terço das suas forças policiais recebam formação em assuntos europeus durante os próximos cinco anos.


Medida “arrepiante”

Shami Chakrabarti, director do grupo Liberty de protecção dos direitos humanos, declarou ao “Telegraph” que a introdução de técnicas de vigilância com este alcance é um “passo sinistro” para qualquer país, sendo ainda mais “arrepiante”, se pensarmos que ele tem uma dimensão europeia.

“Analisar populações inteiras em vez de monitorizar suspeitos individuais é um passo sinistro em qualquer sociedade. Se já é suficientemente perigoso a um nível nacional, à escala europeia torna-se verdadeiramente arrepiante”, indicou Chakrabarti.

Por seu lado, Stephen Booth, analista da organização Open Europe (um think-tank com base em Londres e assumidamente eurocéptico), indicou igualmente ao “Telegraph” que a introdução na agenda europeia deste projecto tem ressonâncias “orwellianas” e coloca sérias questões sobre as liberdades individuais, lamentando que os impostos dos cidadãos europeus tenham como destino missões deste tipo.

“Isto é assustador. Estes projectos significam uma enorme invasão de privacidade e os cidadãos precisam de se perguntar se a UE deveria gastar os seus impostos neste tipo de coisas”, disse. “Já alguém se questionou se isto serve mesmo os interesses dos cidadãos?”, acrescentou.

Citado pelo “El País”, David Larrabeiti López - da Universidade madrilena Carlos III, que também participa neste projecto europeu - rejeita qualquer interpretação “orwelliana” desta iniciativa. De acordo com as suas explicações ao diário espanhol, o Indect reúne um conjunto de “ferramentas de interesse em termos de segurança dos cidadãos”, que incluem, entre outras coisas, a análise automática de imagens de vídeo e o rastreio de dados públicos disponíveis na Internet para o seu respectivo reconhecimento com “técnicas de interpretação de linguagem natural”, escreve o “El País”.

David Larrabeiti López opina ainda que as próprias polícias nacionais e os serviços secretos já dispõem de instrumentos de vigilância muito mais potentes e agressivos quando querem localizar suspeitos concretos. “O projecto não pode aceder, por exemplo, a bases de dados policiais nem cruzar endereços de IP com utilizadores”, esclareceu o mesmo responsável. “O uso de dados pessoais está expressamente excluído do projecto e não há nenhuma intromissão na privacidade”, concluiu.

Detectar e imobilizar uma agulha no palheiro

Este Projecto Indect parece aproximar-se de um outro, da própria União Europeia, chamado Projecto Adabts (Automatic Detection of Abnormal Behaviour and Threats in crowded Spaces), coordenado a partir da Suécia e que também procura detectar comportamentos “anormais” em espaços onde se agrupem multidões e que recebeu cerca de três milhões de libras (3,2 milhões de euros) de financiamento.

O coordenador do projecto, Jorgen Ahlberg, da agência sueca de pesquisa defensiva, explicou que este sistema irá analisar uma série de características individuais (incluindo o tom de voz e a linguagem corporal) de determinadas pessoas numa multidão. “Normalmente as pessoas não começam uma luta de um momento para o outro. Começam por gritar umas com as outras, por darem empurrões... Este sistema não vai servir para que as pessoas sejam detidas imediatamente, vai apenas servir para alertar um operador que alguma coisa está a acontecer. Por exemplo, num centro comercial, se for enviado um segurança atempadamente, pode nem sequer chegar a haver desacatos”, explicou Ahlberg, citado pelo Telegraph.

De acordo com o think-tank Open Source, os dados recolhidos pelo Projecto Indect e por sistemas semelhantes poderão ser usados por um organismo europeu pouco conhecido, o SitCen (Joint Situation Centre), que poderá ser o embrião dos serviços secretos europeus. Alguns críticos comentam inclusivamente que se poderá tornar na CIA europeia. Desde 2005 que o SitCen tem servido para recolher e partilhar informação de contra-terrorismo.


Comentários

Comentário 06.10.2009 - 19h59 - Anónimo, mundo
1984... melhor que tentar explicar em 5 linhas o porque de desprezar estas medidas, é deixar os links para dois videos MUITO explicativos dos porques de estas medidas serem orwellianas e absolutistas: fuzilah . posterous . com/open-your-eyes . fuzilah . posterous . com/ask-questions

Comentário 06.10.2009 - 16h14 - Zé Pagode, Lisboa
Cara Amélia, considero então que acha aceitável que sejamos todos vigiados e espiolhados porque aqueles que só têm comportamentos aceitáveis não têm nada a temer. E que comportamentos é que são "aceitáveis"? E se o Big Brother decidir que o partido da Amélia não é "aceitável"? E se usar informação privada sua para lhe vedar acesso a um emprego, porque a Amélia disse mal não sei de quem num email para uma amiga? Pois é, numa sociedade da vigilância ninguém está seguro, ninguém é livre. Comparar isso com um carro-patrulha na estrada é de uma parvoíce imensa.

Comentário 06.10.2009 - 15h09 - Anónimo, lisboa
Pois é... A internet (o Zion dos tempos modernos) o ultimo bastião da liberdade e de troca de informação está sobre grande ataque, e aqueles que se dizem "justos", "correctos" ou que "não fazem nada de censurável" só são assim porque ainda não ilegalizaram nada que façam e que acham normal. Agora quando acabarem com a internet em prol dos grandes interesses financeiros, veremos que o cidadão, os artistas e a própria evolução tecnológica é que serão os mais perderão. Já muitos avisam, mas há sempre as ovelhas que seguem a autoridade sem porem em causa a legitimidade das próprias regras.

Comentário 06.10.2009 - 14h26 - Amélia Costa, Lisboa
Pois eu acho muito bem...não tenho medo destas acções de segurança, do mesmo modo que não travo quando vejo um carro da polícia. Porquê? Porque cumpro os limites de velocidade e porque utilizo a net para actividades que nada têm de censurável...

Comentário 06.10.2009 - 13h53 - Anónimo, Lisboa
quando irão estes burocratas perceber que não há comportamento "normal" humano? a estupidez hoje em dia é viral como a gripe.

Comentário 06.10.2009 - 13h49 - Templário, Eurábia
Pelo menos, ainda bem que avisam. A medida, expressa nestes termos, sempre é dissuasora. Agora não me acredito que esta informação seja destinada à mão de santinhos. Quem puser a mão nesta informação vai dar-lhe todas as utilizações possíveis que o dinheiro permitir. Tudo tem um preço, tudo se compra. E no que toca à política, instituições de poder e grandes empresas... mais não digo. Acredito nos hackers, os quais encarregar-se-ao de tratar da saúde a estes meninos Orwellianos.

Comentário 06.10.2009 - 13h48 - Anónimo, Lisboa
um absurdo ... para legitimizar estas e outras medidas absolutistas é que o tratado de lisboa foi forçado ...

Comentário 06.10.2009 - 13h30 - Filipe, Lisboa
Acho inacreditável que com tanta obra literária ou cinematográfica à volta deste tema, ainda haja alguém com estas ideias de controlar e que pense que isto não é nada invasivo. Então se não é invasivo porque é que o querem fazer? Metam-se na vossa vida e preocupem-se convosco. É por este motivo que os estudantes universitários têm mesmo de poder enfrascar-se à vontade, senão ficam como estes totós, que querem viver a vida dos outros, porque não têm vida própria. Cerveja e Liberdade!

29 setembro 2009

Pardon my french


Werner Herzog on his spoken languages...

01 julho 2009

Freedom of sharing cultural ideas...




Peter Sunde e Fredrik Neij numa intervista
de 2007 para o Dayrobber.com.

No curso deste mês, a empresa de publicidade GGF (Global Gaming Factory) levará a cabo a aquisição da página de partilha via BitTorrent através de P2P, The Pirate Bay. Hans Pandeya, CEO da GGF, diz-nos que...

"
We would like to introduce models which entail that content providers and copyright owners get paid for content that is downloaded via the site. The Pirate Bay is a site that is among the top 100 most visited Internet sites in the world. However, in order to live on, The Pirate Bay requires a new business model, which satisfies the requirements and needs of all parties, content providers, broadband operators, end users, and the judiciary. Content creators and providers need to control their content and get paid for it. File sharers need faster downloads and better quality."

22 junho 2009

Lançamento



















Meco 2009


(...) Tenho ainda debaixo do braço muitas setas agudas,
que estão dentro da aljava,
compreensíveis aos cultos; para o vulgo, é preciso
hermeneutas. Artista é aquele
que sabe muito por natureza. Os que tiveram de aprender,
quais corvos loquazes,

que grasnem em vão contra a ave divina de Zeus!
Assesta o arco para o alvo,
eia, coração! A quem atingiremos, com ânimo
de novo brando? A quem lançaremos
as setas da glória? (...)



II.ª Ode Olímpica
Píndaro, Sete Odes de Píndaro, Porto, Porto Editora, 2003.

18 junho 2009

Istigkeit
























Meco 2009


When we feel ourselves to be sole heirs of the universe, when "the sea flows in our veins... and the stars are our jewels," when all things are perceived as infinite and holy, what motive can we have for covetousness or self-assertion, for the pursuit of power or the drearier forms of pleasure?

Aldous Huxley, The Doors of Perception, 1954.

03 junho 2009

Cair no sono
























Lisboa 2009


Estava a cair no sono, o tremor febril abrandava; de súbito pareceu-lhe sentir qualquer coisa, debaixo do cobertor, a correr-lhe pelo braço, pela perna. Estremeceu: «Raios, um rato? — pensou. — Foi porque deixei a vitela em cima da mesa...» Não lhe apetecia descobrir-se, levantar-se, apanhar frio, mas logo lhe voltou a roçar pela perna algo desagradável; arrancou o cobertor de cima dele e acendeu a vela. Tremendo de frio e febre, dobrou-se para examinar a cama — nada; sacudiu o cobertor, saltou de lá um rato para o lençol. Quis apanhá-lo: o rato não fugia da cama, só ziguezagueava para todos os lados, deslizava, esgueirava-se-lhe por entre os dedos e, subitamente, enfiou-se debaixo da almofada; atirou a almofada para o chão mas, no mesmo instante, sentiu que o rato já lhe entrara por debaixo da camisa, lhe corria pelo corpo, já passara para as costas... Estremeceu nervosamente e acordou. O quarto estava escuro, e ele na cama, agasalhado no cobertor como antes; por trás da janela uivava o vento. «Que merda!» — pensou aborrecido.

Fiódor Dostoiévski, Crime e Castigo, Lisboa, Presença, 2003.

13 maio 2009

Diz lá o que te consome...

Alguém pode esquecer o que é apaixonar-se?

Por um lado não, não é possível, todos sabemos o que é apaixonar-se, mas, por outro lado, será que sabemos mesmo o que isso significa?

A paixão é uma patologia, que neste caso está associada ao amor, e este por si mesmo pode considerar-se uma mania, como dizia o das costas largas. O amor é uma forma da loucura, da irracionalidade, já que supera todas as barreiras do pensamento racional e nos leva a defender ideias por si mesmas indefensáveis. O amor, digamos, é uma força de união do que não tem união possível e acaba com os dualismos pela existência deles mesmos. A paixão, por sua vez, embora associada ao amor, está muito distante dele, é uma patologia, um pathos, algo de que se padece, mas não é uma mania como se identifica o amor no antigo. Na paixão há uma submersão enquanto que no amor está presente uma união, ou supressão das partes. No pathos depende-se da outra parte e na mania não se distinguem partes. Mas isto, seja numa ou noutra destas duas formas da afecção atraente, não é algo que nos esteja acessível por uma descrição narrativa ou formulação racional. Só temos acesso a elas pela experiência cognoscível do momento vivido.

Apaixonar-se é algo que não está numa nem noutra, embora a palavra indique entrada na primeira, é de facto um início para estas duas afecções. Na paixão, ainda enquanto apaixonar-se, o amor está presente em potência, é uma possibilidade, mas o amor pode surgir sem qualquer explicação ou apaixonar-se. Por isto, é possível concluir que o apaixonar-se é uma forma de acesso ao amor que tende a levar para a paixão. Na paixão somos tomados pelo outro lado e as barreiras da linguagem são ultrapassadas sem serem sequer identificadas, isto é, agimos como se não houvessem barreiras. Mas, com cuidado e muita atenção, predisposição afectiva e disponibilidade emocional, é possível identificar essas barreiras e diluí-las o suficiente para não ter de ignorá-las. O amor é consciente destas barreiras e o apaixonar-se pode evoluir sem chegar a compadecer-se no prendimento à patologia do afecto pelo outro.

Sendo assim, podemos distinguir um apaixonar-se saudável e outro doente. Um deles, felizmente o primeiro, nunca é esquecido, não pode ser esquecido, mas pode ser arrumado e dispensado como que impossível por quem tenha sofrido tanto que não acredite mais nele, ou tenha medo de acreditar. Aí só resta trabalhar no sentido da renovação da crença no amor de forma completa e abrangente. Tarefa muito difícil para alguns mais sofridos. O outro, o apaixonar-se doente, para quem tenha tido a sorte de não sofrer tanto ou ter sido capaz do tal amor completo e abrangente, acaba por esfumar-se no esquecimento e passa a não ser mais que uma narrativa do passado. Isto tendo em conta que todos passam pelo menos uma vez na vida pela paixão sem conseguir fazer-se evoluir para o amor. É próprio da adolescência e faz parte dos processos que levam a desvelar o apaixonar-se saudável. Será escusado dizer em mais que uma linha como o sim precisa do não para existir.

Agora simplificando: não, ninguém se esquece do que é apaixonar-se, mas muitos optam por agir como se tivessem esquecido para evitar o sofrimento. Contudo, esses que fogem assim, no fundo, são os que fogem da vida, e acabam por não servir de exemplo.

Visto isto de outro ângulo, para todos, o apaixonar-se, seja ele qual for, é sempre outro e renovado a cada momento que passa. Por isso, lembrado ou esquecido, nunca deixa de ser, e se tiver sido esquecido é lembrado noutros termos, se tiver sido lembrado é novamente assimilado para fazer evoluir a sua concepção. Depois, resta juntar a subjectividade de cada um para complicar tanto o problema que não há mais resposta possível.

Mas, diz lá o que te consome...

09 abril 2009

Teremim


Camille Saint-Saëns, Le Carnaval des animaux, Le Cygne,
Clara Rockmore ao piano da irmã, Nadia Reisenberg.

24 março 2009

Nada, é indizível.


















Sintra 2009


Não vemos quem é mais.
Não vemos porque está
no que em nós é estar.

2002

28 janeiro 2009

Arca





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