Imaginação e real
Com a imaginação arvorada ao vento das conversões dos paradigmas, é como no modo em que as ciências os afirmam desde Ptolemeu a Copérnico, a como o indivíduo se adequa à perantidade das suas possibilidades na evidência da necessidade, que o real se vai formando, pouco a pouco, sobre os hábitos que prevalecem numa sociedade humana de sobrevivência. A entropia própria à natureza da evolução determina o fluxo dos nexos entre as fixações das crenças práticas, e é nesse constante devir, conduzindo-se sobre imperativos dogmáticos, que a percepção da realidade se acrescenta, dado a dado, bolsa a bolsa, círculo a círculo, na fuga do vazio do sentido que a separação original provocou. A selecção natural opera nos interstícios que a diversidade das vontades vai abrindo, e assim tece desde o aparecimento da escrita, continuamente, um novo animal em padrões cada vez mais sofisticados. Os hábitos que nos dão acesso à instituição da humanitas, por via da imaginação enquanto os verifica e edifica de acordo com a contingência, são a própria fonte da segurança dos indivíduos ao navegar pela universalidade que a justiça da polis exige.
Conclusão de um texto sobre a causalidade em David Hume, 2005.
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