Por onde vieste
Borba 2005
Abend der Worte — Rutengänger im Stillen!
Ein Schritt und noch einer,
ein dritter, des Spur
dein Schatten nicht tilgt:
die Narbe der Zeit
tut sich auf
und setzt
Die Doggen der Wortnacht, die Doggen
schlagen nun an
mitten in dir:
sie feiern den wilderen Durst,
den wideren Hunger…
Ein letzter Mond springt dir bei:
Einen langen silbernen Knochen
— nackt wie der Weg, den du kamst —
wirft er unter die Meute,
doch rettets dich nicht:
der Strahl, den du wecktest,
achäumt näher heran,
und obenauf schwimmt eine Frucht,
in die du vor Jahren gebissen.
Noite das palavras — verdor no silêncio!
Um passo e outro ainda,
um terceiro, cujo vestígio
a tua sombra não apaga:
a cicatriz do tempo
abre-se
e afoga a terra em sangue —
Os dogues da noite das palavras, os dogues
atacam agora
bem dentro de ti:
celebram a mais selvagem sede,
a mais selvagem fome…
Acode-te uma última lua:
lança um longo osso argênteo
— nu como o caminho por onde vieste —
para o meio da turba,
mas isso não te salva:
o jacto que despertaste
já vem vindo, espumando,
e sustentando ao alto um fruto
que há anos mordeste.
Noite das Palavras
Paul Celan, Setes Rosas Mais Tarde, trad. João Barrento, Lisboa, Cotovia, 2006.
1 <:
vim por baixo, onde somos tocando o chão.
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