Que o amigo seja para vós a festa da terra

15 maio 2007

Religio


















Giorgio Agamben, Profanazioni, Roma, Nottetempo, 2005.

O termo religio não deriva, segundo uma etimologia tanto insipida quanto inexacta, de religare (aquilo que liga e une o humano ao divino), mas de relegere, que indica a atitude de escrúpulo e de atenção na qual devem prontificar-se as relações com o deus, a hesitação inquieta (o “reler”) defronte das formas — e das formulas — a observar para respeitar a separação entre o sagrado e o profano. Religio não é o que une homem e deus, mas o que vela a mantê-los distintos. À religião não se opõe, por isto, a incredulidade e a indiferença em respeito ao divino, mas a “negligência”, isto é, uma atitude livre e “distraida” — isto é, liberto da religio das normas — de fronte às coisas e aos seus usos, às formas da separação e aos seus significados. Profanar significa: abrir a possibilidade de uma forma especial de negligência, que ignora a separação ou, melhor, dela faz um uso particular.

Tradução nossa.

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