Que o amigo seja para vós a festa da terra

11 agosto 2007

Inteiramente um eco




















Vila Viçosa 2005

(...) Parece-nos em geral, a nós que manejamos a língua de forma empírica, que toda a literatura antiga é algo de artificial e de retórico, incluindo a literatura romana. Isso explica-se em última instância pelo facto de que a prosa própria da antiguidade é inteiramente um eco do discurso oral e formou-se segundo as suas leis, enquanto que a nossa prosa se explica cada vez mais através da escrita, a nossa estilística dá-se a ver apenas através da leitura. Mas o leitor e o auditor pedem cada um uma forma de exposição (Darstellung) absolutamente diferente e por essa razão a literatura da antiguidade soa-nos como «retórica»: quer dizer que se dirige antes de mais ao ouvido para o seduzir. Extraordinário desenvolvimento do sentido rítmico entre os Gregos e os Romanos, para quem escutar a palavra é ocasião de um formidável e continuado exercício. Ocorre aqui algo de semelhante à poesia — conhecemos os poetas «literários», os Gregos conheciam uma poesia autêntica sem a mediação do livro. Nós somos muito mais descoloridos e abstractos. (...)

Nietzsche, Da Retórica, Lisboa, Vega, 1995.

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Anónimo disse...

POEMAS

Do Alto dos Montes

Oh! Meio dia da vida! Época solene!
Oh! jardim de estio!
Beatitude inquieta da ansiedade na espera:
espero meus amigos, noite e dia,
onde estais, amigos meus?
Vinde! É tempo, é tempo!

Friedrich Nietzsche, Tradução de Márcio Pugliesi

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