Que o amigo seja para vós a festa da terra

10 agosto 2007

Folha a folha

















Arrábida 2005

Der Stein.
Der Stein in der Luft, dem ich folgte.
Dein Aug, so blind wie der Stein.

Wir waren
Hände,
wir schöpften die Finsternis leer, wir fanden
das Wort, das den Sommer heraufkam:
Blume.

Blume — eins Blindenwort.
Dein Aug und mein Aug:
sie sorgen
für Wasser.

Wachstum.
Herzwand um Herzwand
blättert hinzu.

Ein Wort noch, wie dies, und die Hämmer
schwingen im Freien.

A pedra.
A pedra no ar, que segui.
O teu olhar, tão cego como a pedra.

Nós fomos
mãos,
esvaziámos a treva, encontrámos
a palavra, que subia do verão:
flor.

Flor — uma palavra de cegos.
Os teus olhos e os meus olhos:
vão em busca
de água.

Crescimento.
Folha a folha acrescenta
as paredes do coração.

Uma palavra ainda, como esta, e os martelos
rodopiam ao ar livre.


Flor
Paul Celan, Setes Rosas Mais Tarde, trad. Yvette K. Centeno, Lisboa, Cotovia, 2006.

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