Que o amigo seja para vós a festa da terra

25 julho 2007

Danço pelo caminho


















Atlântico 2004

Menino veloso lido da luz,

tenho uma nova maneira do acordar.
O beijo que se desprende da imagem na claridade
de lençóis brancos dos teus baptismos. Sonho-te
continuamente
e acordo inspiradíssima,
como tendo unicamente inspirado durante o sono
e só ao acordar pudesse deitar. Ar vivo!

É enorme encontrar!

Disse-me um dia que, ao inspirar os dias e as coisas,
a sua amiga entrara na demora completa, para nela ficar
até ao sacro momento de todas sair. Sim, o que me dá norte.
E neste todo lirismo encantado, sonho de-lírio em-cantar,
danço pelo caminho que me abre
até que a expiração surja vinda de uma lonjura
rica por todas as sensações.
Sagrado deitar.

Abres-me e nem sabes como.
E assim voltam num florir que me escorre da boca
com pétalas de veludo; todas as coisas, e os dias, nesta hera
lidos como no voo do pássaro solto. Parecem querer ir ter contigo.
Umbigo do mundo d’acesso divino,
diverso escorrido livre como o vento.
Comovente.

E num contínuo real tudo se ergue de novo
como num dia cheio de perfumes desejáveis.

Quero cheirar-te para sempre!
Quero florir-te para sempre!
Quero mergulhar-te-me-te continuamente..., e largar todos os laços,
todas as amarras, e ditos e palavras,
avançar pelo tempo.
Contigo-me-te-migo-tu florir-te-me-nos.

Oxalá,
numa barca d'infinita viagem,
largo a ressoar para nunca mais perder
o que enorme foi encontrar. E digo-te,
sabedoria das alturas, a tua filha sabe cantar.

"Pois cada um dos Celestiais quer sacrifícios.
E se algum for omitido,
Nada de bom acontece."

É enorme cantar!
É enorme dançar!

E essa dureza d’acesso à vida, doce
que por ver-te rodar se eleva exultando e grita cores vivas,
é o rito profundo lar que se estende para erguer, nosso olhar,
que se há palavras: só podem ser estas
a fazer-te justiça.

E assim solta-s’o pião que o todo sabe e ensina,
torneando luz fina d’amar danço,
continuamente contigo,

não se esgota o canto
no trilho de um sorriso. Altíssimo da bênção d’altar
que vindo ao lar, escorre ainda as águas.
Cristalinas áureas rosáceas do santo perfume,
menino veloso lido da luz,

és tu que me tiras da cruz;
és tu que me dás de novo, e novo,
e novo despontar.

Inspira junto comigo
esta nova maneira do acordar.


Contínuo Real

13-11-2005

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