Que o amigo seja para vós a festa da terra

21 julho 2007

Der Dorn















































Borba 2005


Stille! Ich treibe den Dorn in dein Herz,
denn die Rose, die Rose
steht mit den Schatten in Spiegel, sie blutet!
Sie blutet schon, als wir mischten das Ja und das Nein,
als wirs schlürften,
weil ein Glas, das vom Tisch sprang, erklirrte:
es läutete ein eine Nacht, die finsterte länger als wir.

Wir tranken mit gierigen Mündern:
es schmeckte wie
Galle,
doch schäumt’ es wie Wein —
Ich folgte dem Strahl deiner Augen,
und die Zunge lallte uns Süße…
(So lallt sie, so lallt sie noch immer.)

Stille! Der Dorn dringt dir tiefer ins Herz:
er steht im Bund mit der Rose.

Silêncio! Enterro o espinho no teu coração,
porque a rosa, a rosa
está com as sombras no espelho e sangra!
Já sangrava, quando nós misturámos o Sim e o Não,
quando os bebemos,
porque um copo, que caiu da mesa, tilintou:
repicou numa noite que escureceu durante mais tempo do que nós.

Bebemos com bocas ávidas:
sabia a fel,
no entanto espumava como vinho —
Eu segui o brilho dos teus olhos
e a língua balbuciou doçuras…
(E balbucia, balbucia ainda.)

Silêncio! O espinho penetra-te mais fundo no coração:
está unido com a Rosa.

Silêncio!
Paul Celan, Setes Rosas Mais Tarde, trad. Yvette K. Centeno, Lisboa, Cotovia, 2006.

Categorias

Condições de Reutilização

spintadesign

Free Blog Counter